Não é exagero dizer que o Citröen 2CV representa para a França o mesmo que o Fusca para a Alemanha, o “guarda-chuva sobre rodas” motorizou o país no pós-Guerra e é dotado de um carisma impressionante. Até suas formas lembram, de leve, o besouro, embora o motor e a tração fiquem na frente.

Sendo assim, não surpreende que o 2CV tenha sido o carro escolhido pela dupla de franceses Eric Carpentier e Pierre Pitoiset para uma aventura impressionante: uma road trip atravessando as Américas para assistir à Copa do Mundo no Brasil.

O carro foi comprado no fim de 2013 por Eric, que encontrou o 2CV em uma congregação de freiras na França. Uma das irmãs guardava o carro havia mais de 20 anos e o hodômetro marcava apenas 53 mil km — uma quilometragem baixa para um carro fabricado em 1988. Depois de alguma negociação vieram a compra e uma promessa: eles usariam o carro para visitar uma das unidades da congregação na América do Sul — mais precisamente na cidade de Vallenar, no Chile.

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Ao desejo de viajar juntou-se o compromisso com a ONG “A Cup of the World“, que incluiu a viagem no projeto “Pan American Futbol”. A ONG usa a popularidade do futebol para arrecadar fundos para projetos sociais e entidades beneficentes, e a viagem do 2CV se tornou uma maneira de divulgar o trabalho da organização.

Foi assim que, em 180 dias, o carro percorreu mais de 25 mil km, começando com uma viagem de navio da França ao Canadá. Já em terra, o 2CV rodou até Nova York, de onde partiu rumo ao hemisfério Sul, passando pelo México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. De lá, partiram de barco para a Colômbia, de onde tornaram a atravessar o continente pelas estradas.

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Depois de atravessar Equador e Peru, Eric e Pierre chegaram ao Chile, onde subiram a cordilheira dos Andes — “boa parte da subida em primeira marcha devido ao ar rarefeito”, conta Pierre. A dupla ainda atravessou a Argentina antes de chegar ao Brasil.

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Por cada cidade que passavam, Eric e Pierre usaram o futebol para se aproximar dos locais e conviver com diferentes culturas. “Um desafio era jogar futebol todos os dias com as pessoas que encontrávamos. Fizemos o possível, jogando em média uma partida a cada três dias”, eles explicam. “Para nós, era um meio eficaz de encontro, uma forma única de convergência e troca com as pessoas”. O carro, caracterizado como uma bola de futebol da década de 70, foi decorado com as assinaturas das pessoas que recebiam os aventureiros franceses.

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Depois de chegar ao Brasil, entrando pela cidade de São Borja no Rio Grande do Sul, o 2CV passou por Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. E eles elogiaram nossa hospitalidade, nossa diversidade cultural e o bom humor. “A recepção e a hospitalidade das pessoas é surpreendente! Evidentemente, o país respira o futebol, não havendo pessoas indiferentes: conhecemos todos os times e campeonatos do Brasil somente perguntando para as pessoas qual o seu time do coração”, contou Eric.

Ao chegar em Porto Alegre, a dupla se tornou um trio ao juntar-se Marec Ludovic, que também é francês mas está morando na Guiana Francesa.

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Além do lado social e cultural da viagem, o que nos fascina é o trajeto em si: uma road trip atravessando as Américas com um carro francês de quase 30 anos de idade não é para qualquer um. Por sorte, o Citroën 2CV é mundialmente famoso por sua simplicidade e robustez. Dos carros populares do pós-guerra, ele é notadamente o mais frugal — o motor é um boxer de dois cilindros que, no carro da dupla, tem 602 cm³ e 33 cv — a versão mais potente a equipar o 2CV.

“Tivemos que realizar alguns acertos e adaptações na carroceria, uma troca de bobina, regulagens na marcha lenta e uma reparação do freio de mão (na travessia Panamá – Colômbia). Também tivemos trocas de pneus: duas vezes cada pneu da frente, nunca atrás (mas vamos ter que trocar). Mas nunca tivemos um pneu furado!” Não duvidamos.

Agora, com o carro no Rio, falta definir o roteiro do resto da viagem depois da Copa”Vai depender do tempo que teremos”, eles dizem. “Talvez conhecer as regiões centrais, como a cidade de Belo Horizonte e a capital Brasília”. Mas um desejo está bem definido: eles querem estacionar o 2CV dentro do Maracanã. Será que pode rolar na final?

FONTE: FlatOut

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