Oficialmente “Velozes e Furiosos” (The Fast and The Furious, 2001) foi inspirado na história real de Rafael Estevez, um descendente de dominicanos que fazia parte de uma gangue de corredores de rua de Nova York nos anos 1990 (falamos sobre Estevez e sua gangue neste post).

O que pouca gente sabe, é que “Velozes e Furiosos”, ou “The Fast and The Furious”, é o nome de um filme lançado em 1955. Os produtores de Velozes e Furiosos de 2001 tiveram até mesmo que comprar os direitos de uso do título para poder batizar seu filme com este nome.

Mas diferentemente do que se imagina, “Velozes e Furiosos” de 1955 não fala sobre gangues de rachadores, nem de um tira infiltrado em corridas ilegais para conseguir um flagrante. Na verdade, as tramas não têm nada a ver entre si. Ou melhor, quase nada, por que nos dois filmes sobram carros e corridas.

Encontrei “Velozes e Furiosos” de 1955 por acaso no Netflix quando procurava o terceiro filme da atual franquia, “Velozes e Furiosos 3: Desafio em Tóquio”. Foi quando lembrei ter lido algo a respeito do título e então decidi assistir para descobrir do que se tratava.

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O filme começa com cenas de um Jaguar XK120 modificado para corridas em uma estrada sinuosa. As cenas são aceleradas, bem ao estilo dos anos 1950. Neste carro, está uma jovem mulher chamada Connie. Ela é uma piloto amadora a caminho de uma corrida que terminará no México.

Ao parar em um café à beira da estrada, ela encontra com Frank Webster, um ex-motorista de caminhão que fora preso por um assassinato que não cometeu e por isso fugiu da cadeia. Durante sua fuga, ele se torna assunto das notícias de rádio e acaba descoberto por dos clientes do café. Encurralado, ele dá um golpe no homem e sequestra a garota, vislumbrando uma forma de fugir para o México e encontrar sua liberdade.

O restante do filme, pouco mais de 50 minutos, se resume à fuga do homem a bordo do Jag e ao lado da garota. Ela inicialmente se mostra durona, mas por fim acaba se apaixonando pelo fugitivo que a sequestrou. Em pouco tempo a polícia consegue a descrição do casal e do carro e passa a apertar o cerco.

O tempo, contudo, foi suficiente para que Frank e Connie chegassem ao local da corrida, e começassem os últimos preparativos para largar. Uma regra de última hora impede que mulheres participem da prova, e por isso Frank acaba abandonando a garota em uma cabana enquanto trilha seu caminho rumo ao México. No fim, a garota acaba convencendo-o a se entregar e enfrentar o julgamento com a certeza de que ele será absolvido. Webster se entrega e o filme acaba. Sem rachas, sem tuning, sem gangues de japoneses mafiosos.

Apesar de parecer um resumo rápido, a trama do filme é assim rasa mesmo, e é provavelmente por isso que você nunca ouviu falar dele. Mas talvez você tenha achado essa história familiar. Especialmente se você é daqueles que assistiam à Sessão da Tarde no fim dos anos 1990.

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É que a história de “Velozes e Furiosos” este, de 1955 oi reaproveitada no filme “Rotação Máxima” (The Chase 1994), estrelado por Charlie Sheen e Kristy Swanson. Ele conta exatamente a mesma fuga de um homem inocente que sequestra uma garota e foge com ela em seu carro em direção ao México.

A diferença é que em “Rotação Máxima” a garota não pilota carros em vez do Jag XK120 ela usa um BMW 325i com calotas… e que no final, ambos conseguem fugir e acabam curtindo a vida nas praias mexicanas. Ah, e se você curte rock americano dos anos 1980 e 1990, vai curtir os “cameos” do filme: Henry Rollins (Black Flag e Rollins Band) como policial, e a dupla Flea e Anthony Kiedis (Red Hot Chilli Peppers) como dois malucos em um Ford Bronco.

Se você ficou curioso para assistir a “Velozes e Furiosos” de 1955, ele ainda está disponível no Netflix. Já “Rotação Máxima” pode ser encontrado em DVD naqueles saldões de supermercados ou, com sorte, nos sites de vídeos por streaming.

Agora… o fato de não ter relação alguma com o filme de 1955 não significa que “Velozes e Furiosos” de 2001 não tenha seu roteiro muito parecido com um outro filme antigo.

A história do policial que se infiltra em uma quadrilha para investigar uma série de crimes, se apaixona pela irmã de um dos criminosos, acaba descoberto e depois não consegue fazer a prisão dos caras por estar envolvido demais com eles, virou um filme pela primeira vez em 1987, com “Atraídos Pelo Perigo” (No Man’s Land). Coincidentemente o ator principal também é Charlie Sheen e a história tem semelhanças demais com “Velozes e Furiosos”. Veja só:

Em “Atraídos pelo Perigo”, Benjy Taylor é um policial que precisa investigar uma série de roubos de Porsche 911 na região de Los Angeles. Em “Velozes e Furiosos” Brian O’Conner é um policial que precisa investigar uma série de assaltos a cargas nas estradas da região de Los Angeles.

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Benjy se infiltra em uma concessionária Porsche graças ao seu vasto conhecimento sobre a mecânica dos esportivos da marca. Em “Velozes”, Brian O’Conner se passa por um rachador bom de braço e que manja de motores. Ambos ganham a confiança do principal suspeito Benjy por consertar o carro do cara, e O’Conner por salvar Dom Toretto da polícia. Nos dois filmes o policial infiltrado passa a participar dos negócios ilegais dos suspeitos, e acabam conhecendo a irmã dos caras, se envolvem afetivamente com elas e acabam muito mais envolvidos com os criminosos.

A diferença, felizmente, é o final do filme: O’Conner livra a cara de Toretto, enquanto Benjy Taylor troca tiros com seu amigo/suspeito e acaba matando-o. Impossível imaginar Brian O’Conner trocando tiros com Dom Toretto, não?

FONTE: FlatOut